segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Por que ensinar e aprender História? - por Rodrigo Ap. A. Pedroso.

Qual é função da História? Por que precisamos aprender História? Estas são duas importantes questões que costumam ser levantadas tanto por estudantes quanto por pessoas que já não estão mais estudando, ambas são extremamente difíceis de serem respondidas.
A História pode servir a vários objetivos, tudo depende das razões e/ou das intenções do historiador, quando este vai analisar algum objeto ou documento que nos foi deixado por alguém do passado. Ao contrário do que nos mostram os livros didáticos de História, o conhecimento sobre o passado nunca está “pronto e acabado”, o que os livros nos apresentam são apenas uma seleção de determinadas interpretações sobre o passado. A História como ciência é um processo de constante busca, análise, construção e reconstrução com base em indícios deixados por outros que viveram antes de nós.
Partindo disso, é possível atribuir a História a mais variada gama de funções, ela pode servir para justificar situações de dominação e exploração de uma determinada classe social sobre outra; justificar genocídios como os nazistas fizeram; mostrar como a vida no passado era diferente; servir como exemplo para lutas e revoluções; ser apenas um objeto de conhecimento de outras formas de vida e de pensamento, enfim, existem infinitas possibilidades para se usar a História.
Se a História é tão incerta por que ela deve ser ensinada nas escolas? Existem várias respostas para essa pergunta, uma delas é que os governos de vários países, não só do Brasil, têm a necessidade de divulgar a população uma versão do passado, que contribua e/ou legitime uma determinada forma de governo e, crie uma ideia de união nacional, ao ligar todos os cidadãos de um país a um passado em comum: seja como colônia que se libertou do domínio estrangeiro (como é o caso de todos os países da América); seja como nação herdeira de uma cultura antiga de povos “sábios” e “guerreiros” (é o caso de países europeus como França, Grécia, Alemanha etc.).
Em ambos os casos se constrói uma série de marcos históricos visando valorizar datas, locais e heróis que teriam tido um papel importante na formação nacional. O ensino de História voltado somente para a celebração destes marcos reduz muito as possibilidades de uso que a História tem. Não que o ensino desses seja de todo inútil, mas deve ser acompanhado, se possível, de uma contestação. Afinal quem disse que devemos comemorar o dia da Independência no dia 7 de setembro ou o dia de Tiradentes em 21 de abril? Por que não é feriado em 22 de abril dia do descobrimento do Brasil? Por que existe o dia da Consciência Negra?  Estas e outras questões podem e devem ser levantadas pelos professores em sala de aula, evidentemente, respeitando-se os estágios de desenvolvimento cognitivo de cada faixa etária.
Outra razão para ensinar História diz respeito à necessidade de sanar uma curiosidade, de descobrir coisas novas, de vislumbrar outras maneiras de viver, de entender melhor o mundo em que vivemos saber de onde poderíamos ter vindo, ou seja, ensinar História para incentivar a busca de conhecimentos. Estimular os estudantes a descobrirem o passado e, também, a discutirem e escreverem suas próprias opiniões.
Como área de conhecimento cientifico a História tem um grande potencial explicativo. Podendo revelar não só diferentes visões do passado, mas também – ao dialogar com outras áreas do conhecimento – explicar como estas se constituíram como conhecimento, explicar de onde vieram nossas estruturas linguísticas, nosso conhecimento sobre matemática, geografia, biologia, química, física, artes etc.
Estas são apenas algumas das razões que fazem da História uma disciplina de fundamental importância para ser ensinada e principalmente discutida em sala de aula. E, mesmo contendo contradições, o aprendizado histórico é extremamente válido e necessário, pois como definiu o historiador francês Marc Bloch “a história é o estudo do homem no tempo” e sem ela não teríamos como ter acesso ao passado para nos servir de exemplo ou somente como fonte de recordação.

 Profº Rodrigo Ap. A. Pedroso

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