terça-feira, 29 de novembro de 2011

PIADAS DE HISTORIADOR

Piada de Historiador¹

Sabe qual é a pior mentira de um historiador?
Chegar para você e dizer: "Tenho uma novidade pra te contar!"
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Por que Perón não teve filhos?
Porque sua mulher Evita? 
Não, porque ele OPERÓN!
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Qual era o perfume mais detestado por Carlota Joaquina?
"Brasil Colônia".
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Historiador apaixonado: Você é a revolução industrial que faltava na minha vida artesanal e de manufatura.
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Qual o time favorito do Cristóvão Colombo? Náutico. E do Dom Pedro II? Benfica. E do Nero? Botafogo.
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O que é um pontinho marrom no Brasil em 1500?
Pedro Álvares CaBROWN.
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O que o professor de história de Grécia vestia? Camisa APOLO, que HERA moda e dava ARES clássicos!
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Qual é o carro do historiador?
- Renault CLIO.
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¹ Só mesmo piadas feitas por/para historiadores precisam de nota de rodapé explicando que se trata de uma piada.

O poder da educação? Para refletirmos

Afinal para que serve a educação? A questão é difícil, mas a minha resposta obtive na prática.
Era mais uma das tardes de calor torrencial na capital do mormaço (expressão eternizada pelo Poeta Márcio Souza para descrever o calor intenso de Manaus.) A maioria dos professores de mau humor, resmungavam tentando explodir o relógio que corria aceleradamente para encerrar o intervalo.
A pedagoga tentando vencer a inercia de alguns e a carranca de muitos exclamou: - gente semana que vem teremos as comemorações pelo dia do estudante, e gostaríamos que vocês indicassem os melhores alunos de suas disciplinas para que eles recebam uma homenagem.
Um dos professores meneou a cabeça e não se conteve: - Homenagem? pelo que? Não fazem mais do que a obrigação deles... - No meu tempo não tínhamos livros, farda, ou merenda (Como se na atualidade todos os alunos tivesse disponíveis estas coisas!!!). Eu continuei com os olhos no livro, tentando me manter vivo, repetindo pra mim mesmo: Eu não sou uma planta, eu não sou uma planta, meus alunos não tem culpa se eu ganho pouco, se o ar condicionado da sala não funciona ou se a lousa caiu!
Rapidamente ao olhar os diários e lembrar entre os 50 a 55 pequenos que se apertam nas turmas escolhi meu pequeno representante (quem sabe um Marc Bloch reencarnado em um corpo franzino na periferia de Manaus). Para meu espanto e até frustração (queria indicar quase uma revelação, dizer, eu educador que sou descobri um diamante que pode ser lapidado, um Neymar das letras por assim dizer).
O aluno que eu indicara fora apontado pela imensa maioria como um destaque, tanto das notas quanto em comportamento, assiduidade, participação. Confesso que fiquei atônico, tentando lembrar da imagem que aquele nome representava. Depois de um tempo lembrei. Pequeno, tímido, olhos atentos, sempre com seu material impecável, quase um pequeno lord. Alguns colegas lembraram esta característica da nossa nova estrela: ele sempre está limpo e assiado! com certeza tem uma família a zelar por ele.
Passam os dias e vem a bendita atividade, mais uma hora cívica chata, onde alunos e professores rezam (mesmo os ateus) para tudo termine rapidamente. Na hora da homenagem, a diretora sorridente anuncia que os professores escolheram o destaque entre os pequeninos e que este aluno iria ganhar uma lembrança. 
Todos alegres (nem todos na verdade) esperam que o pequeno herói salte da multidão e venha buscar o seu prêmio, mas para frustração (inclusive a minha) nosso aluno faltou, justo no dia em que ia ser homenageado. Como diria o Senhor Omar da série Todo Mundo odeia o Cris "Trágico!".
Ao final já na sala dos professores, arrumando minhas coisas comecei a refletir sobre todo o acontecido naquele dia. Nem percebi quando a diretora juntamente com a pedagoga da escola se aproximaram de mim e pediram (quase determinando) que eu as levasse até a casa do aluno destaque daquele ano. Eu como um dos poucos que tinha carro (velho, mas ainda dando no couro) e meio a contra-gosto fui, aliás fomos todos.
Tínhamos apenas um endereço e fomos atrás da casa do nosso pequeno herói. Era perto da escola, mas não nos esqueçamos que estávamos nas profundezas da periferia de Manaus.
Depois de muitas subidas e descidas, ruas esburacadas e quase sem asfalto chegamos a uma grande descida, um ladeirão monstruoso de uma rua sem saída. Descemos e de prontidão fomos procurando a casa do nosso aluno. Ao pararmos na frente de um casebre de madeira, caindo aos pedaços, batemos palmas sendo logo recepcionados por vários pares de olhos pequeninos, uma escadinha de meninos curiosos. Logo atrás uma jovem, de cabelos desgrenhados, meio nervosa veio nos receber. 
A diretora logo disse o motivo de nossa visita. A entrega da medalha e do presente ao nosso melhor aluno naquele ano. Ao perguntarmos o motivo da ausência, aquele jovem magricela nos olhou e na sua sabedoria de infante, pobre disparou: -Ah a professora disse que iam me chamar na quadra e eu fiquei com vergonha.
Com vergonha fiquei eu, por ignorar o mundo a minha volta, por desconhecer por completo a dura rotina dos filhos da classe trabalhadora que se aventuram nas nossas escolas públicas de qualidade duvidosa.
Meu pequeno amigo, este texto provavelmente você não lerá (por não ter computador e internet), mas estas palavras não são apenas em sua homenagem. São para lembrar uma história ao mesmo tempo mais bonita e mais triste que a sua. Estas mal traçadas linhas são para relembrarmos a história de Alcides do Nascimento Lins, que filho de uma catadora de lixo, foi aprovado em 2007, em primeiro lugar para o curso e Biomedicina na UFPE e que foi brutalmente assassinado, por um estúpido, talvez pela ausência de políticas públicas nas áreas de periferia.
A morte deste rapaz, não destruiu a sua história de superação. Para que serve a educação?Ainda não tenho uma resposta pronta. Mas estes dois garotos ilustram muito melhor com ações o que a vã filosofia não consegue explicar facilmente. E como diria Engels: uma grama de ação vale mais do que uma tonelada de teoria. E tenho dito.

Escrito por Profº Tenner